Capítulo 1 - Infinito
Acordo lentamente, sentindo um peculiar cheiro de papel antigo, misturado de um aroma delicado de madeira e acompanhado por cheiro de couro. Ao abrir os olhos, ainda um pouco zonzo, me vejo deitado em um confortável tapete vermelho vinho, estendido sob um piso de madeira polida. Me sentia leve, como se eu tivesse recém despertado de um longo, longo sonho.
Acima, a luz dourada de lustres se espalhava suavemente pelo ambiente, e o teto azul escuro, repleto de constelações pintadas com tintas douradas que imitavam o céu noturno, era sustentado por elegantes colunas de madeira escura. Começava a entender onde me encontrava: Estava no salão de uma gigantesca e elegante biblioteca.
Filas e filas de estantes de carvalho escuro perfeitamente alinhadas, repletas de livros de todas as cores e tamanhos. O local era muito amplo, com algumas escadarias em espiral ligando os diferentes andares, alguns deles rodeados por varandas com grades de ferro bem trabalhadas, e outras que apenas seguiam mais adiante.
Há mesas de leitura espalhadas por este hall, acompanhadas de cadeiras e poltronas estofadas e algumas luminárias que mantêm o local agradável para leituras. Realmente, a beleza desse local é esmagadoramente impressionante.
Tão surreal e impressionante que, apenas agora, eu começava a perceber o quão desoladora era a minha situação. As perguntas, finalmente, me atingiam como um choque. Tentei me lembrar do básico: Como eu cheguei aqui? Onde é "aqui"? O que eu estava fazendo antes de chegar aqui?
Mas, nada veio. Nenhuma lembrança. Sentia que minha mente era como um livro, cheio de páginas arrancadas.
Meu coração agora começava a martelar contra o meu peito, e o vislumbre inicial que eu tive deu lugar a um desconforto angustiante. Que biblioteca era essa?
Comecei a encarar o lugar com olhos muito mais assustados do que encantados. Apesar de querer gritar e correr, não conseguia, então, apenas andei para trás - tropeçando em uma pilha inconveniente de livros, bem atrás de mim.
—Mas que droga...— murmurei, mais alto do que queria, caindo em cima dos livros abertos. Um desses livros, em especial, caiu bem em cima do meu colo. Era um volume azul escuro com capa de couro de primeira qualidade e o nome Maelis Avron em dourado, com letras elegantes e serifadas. Pela qualidade, parecia até mesmo a biografia de alguém importante, muito embora eu nunca tenha ouvido falar.
Estava curioso demais para ignorar. Hesitante, verifiquei que a única coisa além do nome que li estampado na capa era uma lombada que tinha o mesmo nome que a frente, e nada na contracapa. Ao abrir, despretensioso, sou recebido com apenas uma imagem na primeira página. Era o retrato de uma jovem mulher de traços orientais, na casa dos 40 ou 50 anos, vestindo um Kimono elegante e com um semblante calmo e sereno.
Era claramente antiga, talvez de cerca de 500 ou 600 depois de Cristo, o que rapidamente me intrigou pelos detalhes: Era tão perfeita que, se eu não soubesse que as câmeras surgiram apenas mais de 1000 anos depois, diria que era uma fotografia. Parecia até que eu estava vendo a pessoa, bem à minha frente. Abaixo da imagem, em caligrafia cursiva e bem feita, duas palavras:
Maelis Avron.
Na página seguinte, não achei dedicatória, índice ou sumário, mas apenas os primeiros trechos de uma incrível biografia da vida de uma desconhecida.
"Maelis nasceu em uma noite sem estrelas, em um vilarejo cercado por bosques de árvores silenciosas e fauna exuberante. Sua vida começou com dor: mãe morreu durante o seu parto, deixando, como últimas palavras, o desejo de que ela fosse a menina mais feliz do mundo".
Ler aquilo era estranho, não parecia que eu estava lendo apenas um relato, era como se ela me contasse aquilo. A escrita trazia sentimentos, pensamentos, emoção...
—Espero que você esteja gostando da leitura, visitante nada esperado — disse uma voz diante de mim, cortando o silêncio com ironia — Mas, não acha mais confortável se você se sentar para aproveitar melhor? Quer dizer, tem uma mesa de leitura bem ao seu lado, se não percebeu ainda.
Meu coração errou a batida, e eu me voltei à figura à minha frente, um homem alto e magro, com uma postura que alternava entre ereta e curiosamente inclinada.
Ele usava o que parecia ser um terno antigo, impecavelmente ajustado, com um colete de cor vinho e uma gravata borboleta dourada que parecia estranhamente deslocada. Seu cabelo grisalho estava despenteado, como se tivesse acabado de acordar, ou como se nunca se importasse em penteá-lo.
—Ah, me... me desculpe por essa bagunça senhor — Disse, me levantando rapidamente e soltando o livro na mesa de carvalho ao meu lado.
—Ah, por favor, não se sinta incomodado, você pode continuar a leitura do jeito que preferir; foi apenas uma sugestão focada na sua ergonomia, e somente isso. Sabe, não queria interromper a sua experiência com a história da... Maelis — Concluiu após ler o título da capa.
O Homem parecia estar inquieto com algo, olhando em volta para todos os lados, mas tentando disfarçar, como se estivesse procurando por alguma coisa fora de seu lugar — Provavelmente, suponho que seja a pilha de livros que derrubei há pouco. Prontamente me levantei, e comecei a juntá-los.
—Ah, eu... eu peço desculpas pela bagunça que eu fiz, eu acabei tropeçando e...
—Ora, mas por favor, não é necessário se preocupar com isso! — Afirmou se aproximando com um sorriso tranquilo no rosto — Veja bem, livros não se importam com o conforto, sabia? Podem estar caídos, ou em pé, ou quem sabe até flutuando, mas com o tanto que suas histórias possam ser contadas, nada disso importa para eles. E você deu a este livro a chance de lhe revelar a sua história! Deixe-os aí, quem não pode esperar é você...
—Bom, se insiste...
—Ah, insisto sim. Anda, levanta, temos muito o que fazer e não faço ideia de como!
—E, me desculpe perguntar, onde estamos? Eu não estou conseguindo me lembrar de algumas coisas desde que eu acordei...
—Oras, na Biblioteca, é claro! E onde mais? — Seu tom era da mais pura indignação com a minha pergunta.
Essa descrição parecia tão inapropriada que, sinceramente, achei que era apenas um comentário irônico.
—Ah, sim, um belo acervo por sinal. Mas, onde exatamente fica essa biblioteca?
Em resposta, ele apenas deu uma risadinha debochada, e que me deixou levemente intimidado.
—Lugar? A biblioteca não é em algum lugar, pequeno visitante, ela é O local.
Quanto mais eu ouvia aquele homem, mais eu tinha certeza de que ele era insano.
—Você e eu temos algo em comum, visitante. —Afirmou, repentinamente.
—E o que seria?
—Eu já estive em seu lugar uma vez, tão perdido quanto... quanto um ratinho na Time Square, perdido, apavorado, com tantas luzes que sequer consegue achar uma saída.
Ele riu, esperando que eu também risse. Não ri.
Que tal me acompanhar? Quero te mostrar algo que pode te fazer compreender melhor a sua situação.
O pedido era tão inusitado que eu mal conseguia formular uma frase completa.
—Eu acho que...
—Não, você não tem escolha! — Afirmou me interrompendo e me puxando pelo braço, enquanto subíamos uma escadaria em espiral — Vamos, sem tempo a perder!
—Mas quem é você afinal? — Questionei, tentando acompanhar seus passos rápidos, quase dançantes.
—Ah, é claro, quem sou eu! Me perdoe, minhas maneiras foram deterioradas pela solidão como traças a um livro. Filosofando um pouco, posso concluir que sou, como qualquer pessoa a quem quiser perguntar, um personagem de uma história que nós sequer escrevemos — riu, enquanto encarava meu rosto confuso — Mas acho que quer algo mais literal, não é? Pode me chamar de Bibliotecário, mas se quer algo mais do que um título, infelizmente ficarei te devendo.
A escadaria terminou em um arco de madeira de carvalho escuro, seguido por um corredor com piso de pedra entalhada e inúmeras portas laterais, que se estendia por pelo menos 200 metros. Ao seu final, uma escada que irradiava luz de cima.
—Você não está sendo claro...
—Nem tudo que nós dizemos é claro, não é? Se expressar é uma arte difícil de dominar. E os séculos de solidão podem dificultar ainda mais — Disse seguindo pelo corredor.
—Mas onde eu estou? Que biblioteca é essa?
—Gosta muito de boas perguntas, não é pequeno? Isso é ótimo, quer dizer que você sempre quer aprender e saber algo novo. Bom, sendo bem direto, esse meu reino é repleto de histórias de pessoas! Cada um destes livros possui um início, um meio e, bem... um fim.
Meu estômago revira ao ouvir isso, enquanto eu me lembrava, e agora começava a compreender, o que havia lido há pouco.
—Quer dizer... uma biblioteca de biografias?
Ele riu, passando os dedos pela madeira ao acaso.
—Se quiser chamar assim, acho que é justo. Mas nada de resumos elegantes ou sem graça! Já ouviu dizer que os livros levam a gente para outros mundos? Aqui, isso é muito bem sentido, pequeno. Ler um livro é como ver pelos olhos de alguém, da primeira à última linha.
Cada explicação me deixava cada vez mais desconfortável. No fundo de minha mente, eu tinha uma pergunta, mas não queria dizer aquilo em voz alta.
—Eu... estou vivo? — Consigo finalmente dizer após um certo esforço.
Seus olhos brilharam com divertimento, como se eu tivesse acabado de propor um enigma fascinante.
— Ah, mas essa é uma questão digna de aplausos! Tão boa que, se dependesse de mim, todos deveriam se fazer essa pergunta ao menos oito vezes ao dia. — Ele começou a andar em círculos, gesticulando com as mãos. — O que é estar vivo, afinal? Quantos existem sem viver? Pulam de um capítulo ao outro sem emoção, sem questionamento, apenas seguindo... — Ele parou abruptamente e voltou-se para mim, como se só agora se lembrasse de que eu estava ali.
— Então, para responder: eu não sei. Você sabe?
—Eu não consigo me lembrar de nada...
—Essa não é uma boa resposta. Mas sabe, eu aposto que você vai descobrir. Vamos, me acompanhe!
—Por favor, espera — Anunciei, parando.
—Está cansado? Podemos sentar em uma poltrona qualquer ou....
—Não — respondi friamente.
—Então, o que prefere visitante?
—Respostas! — Exclamei — Preciso de respostas claras!
—Mas, como espera receber uma resposta, sem me fazer uma pergunta?
—Para tudo! Onde estou? Quem exatamente é você, que biblioteca é essa, como vou para a casa? Qualquer coisa, por favor!
Ele não respondeu. Ao invés disso, apenas fechou o sorriso largo, com uma expressão muito mais compreensiva do que alegre.
Ele começou a andar mais devagar, mas sem me pedir para o seguir, e entrou numa das várias salas espalhadas pelo corredor, após a encarar por alguns segundos. O acompanhei de trás.
Ele passou os dedos pelas lombadas de alguns livros, os contemplando em silêncio, e se sentou em uma poltrona, de costas para a porta e para mim, admirando uma lareira.
—Eu já te disse, não já? Somos muito parecidos.
—É, disse sim, mas em quê?
—Eu acordei um dia aqui também. Sozinho. Sem lembranças, sem memórias, sem nome, e com todas as dúvidas que devem estar consumindo sua mente. Aqui, nessa sala, e nessa poltrona.
A única coisa que consegui dizer em resposta foi o silêncio. O som do crepitar das chamas era a única coisa que se ouviu por um longo tempo.
—Esse lugar — Começou a falar, após o silêncio — como eu já disse é uma biblioteca que contém a "biografia" — Fez aspas com os dedos, com um leve sorriso — de todos os seres humanos que já viveram.
Ele fez uma pausa, como se para deixar as palavras entrarem em minha mente.
Tudo que já foi vivido está escrito nestas páginas, pequeno. Cada pensamento, escolha ou decisão - Tudo o que já foi vivido ou experienciado por algum ser humano está aqui, escrito nessas páginas. E tudo o que ainda será vivido também estará um dia.
—Mas... isso não faz sentido!
Ele acenou que sim com a cabeça
—Nem tudo o que vemos faz sentido, faz? Olha só, tem gente que coloca abacaxi na pizza! Mas ainda assim, acontece, não é?
—Mas como?
—Sua busca por sentido é tocante, mas eu não tenho as respostas. Eu já disse, apenas acordei aqui um dia.
—Mas... sempre esteve sozinho?
—Nunca exatamente só, se formos pensar bem. Veja só, estou cercado de histórias! — Ele abriu os braços, indicando as estantes ao redor. — Quantas vozes já ecoaram por estas páginas? Quantas vidas se desenrolaram sob minhas mãos? Eu diria que sou, ao mesmo tempo, solitário e muito bem acompanhado — Disse forçando um sorriso.
O jeito que ele falou parecia até, de certa forma, ensaiado, como se tivesse repetido aquilo tantas vezes a si mesmo, tentando se convencer daquilo, que a tivesse decorado.
—Sabe — Continuou após alguns momentos de reflexão — O tempo aqui não passa, nem sequer para me cumprimentar e tomar uma xícara de café. Bom, não tem café, mas acho que você deve ter entendido.
— Parece... triste — murmurei, sem pensar.
Ele piscou para mim, como se eu tivesse acabado de contar uma piada particularmente boa.
— E então você aparece! — Levantou-se em um pulo, ajeitando a gravata borboleta, e novamente voltando a ser apenas excêntrico, deixando o lado "filósofo" — E isso é absolutamente fantástico!
Observei-o com cautela.
— O que estou fazendo aqui?
—Deve estar cansado de filosofia, não é? — Afirmou, com o dedo no queixo, ponderando — Então vamos ser mais racionais e diretos. Hum... estamos em uma biblioteca. A menos que você tenha vindo caçar borboletas ou praticar acrobacias entre as estantes, me diga você: o que as pessoas fazem em uma biblioteca?
E a resposta era clara para mim.
—Buscar um livro, não é?
—Ah, me parece uma desculpa muito boa para uma aventura! Vamos lá jovem....
Ele colocou as mãos no peito, com uma feição de assustado, como se tivesse cometido um pecado grave.
—Oh céus, meus modos! Onde estará minha etiqueta! — Ele se inclinou, me encarando com um olhar de curiosidade — Como é o seu nome, visitante?
Abri a boca, e, para minha própria surpresa, a resposta veio sem esforço:
— Liam.
—Esplêndido! — Sorriu, satisfeito — Um nome fascinante e cheio de possibilidades. Agora, vejamos, vejamos...
O homem começou a olhar ao redor, como se buscasse algo entre as prateleiras. O silêncio, muito constrangedor, se estendeu, enquanto ele olhava o vazio. Depois de um tempo, sua expressão de entusiasmo deu lugar a decepção, e até a um breve espanto, este que eu tenho certeza, era genuíno.
Ele se virou para mim, os olhos semicerrados.
— Liam de quê?
Meu coração acelerou. A resposta deveria ser tão óbvia quanto o meu primeiro nome, mas...
— Liam... — Minha voz vacilou. Algo dentro de mim revirou, como se estivesse tateando no escuro. — Só Liam, eu acho.
O Bibliotecário inspirou profundamente, inclinando a cabeça para o lado, avaliando-me como se eu fosse um livro com páginas arrancadas, e depois de um suspiro, finalmente voltou a falar:
— Ah, entendo... — murmurou, com um pesar melodramático. — Triste não se lembrar de si mesmo. Sei como é, foi bem triste quando me dei conta de que não me lembrava de mim.
Então, num instante, sua expressão se iluminou novamente.
— Mas que ótima trama estamos criando aqui! — Ele estalou os dedos. — Liam-sem-sobrenome, está decidido, nós vamos procurar seu livro! Uma caça ao tesouro, onde o tesouro é ninguém menos que você mesmo!
Como sempre, ele não esperou nenhuma resposta, apenas me lançou um sorriso travesso e girou nos calcanhares, caminhando. Meu livro. Mais uma vez ele insistia nessa busca, mas, afinal, o que mais eu poderia fazer?
—Você falou que vai me mostrar uma coisa?
—E uma coisa daquelas! Algo que os olhos não podem descrever. Vem, rápido!
E ele correu, comigo seguindo atrás, mais cauteloso e ainda tentando entender o que estava acontecendo comigo. O corredor terminava em uma escadaria larga, banhada de luz, rodeada com corrimãos de ferro.
Subimos em silêncio por alguns segundos, e acabamos, enfim, em um grande salão de leitura. Seu teto era alto, e candelabros flutuavam, com sua luz banhando o ambiente de maneira uniforme. Estantes extensas seguiam as paredes, e algumas mesas de leitura estavam espalhadas pelo espaço. Do outro lado, uma enorme porta de carvalho estava fechada. Pelas frestas, uma luz dourada estava escapando, quase como a luz do sol.
Ele correu até ela, e colocou as mãos na maçaneta.
—Venha Liam! Venha ver o infinito com seus próprios olhos!
Eu segui um tanto quanto entusiasmado, com uma mistura de curiosidade, que era o que me restava a essa altura. Assim que cheguei, ele abriu a porta, sem falar nada, e eu vi.
Estava numa sacada. E essa sacada, dava para o infinito.
Dei mais um passo à frente, apoiando-me no corrimão entalhado, e, por um instante, esqueci de respirar.
A biblioteca se estendia diante de mim em todas as direções — não apenas para cima ou para baixo, mas também para os lados, para além do que os olhos podiam acompanhar. Era como estar no centro de uma constelação feita de madeira, livros e luz. Estantes se empilhavam sobre outras estantes, formando níveis que pareciam se repetir infinitamente, mas nunca de maneira idêntica. Cada andar era um pouco diferente, como se tivesse sido moldado por mãos distintas, em épocas distintas, com propósitos secretos.
Havia passarelas suspensas, arcos largos e delicados, pontes que ligavam um ponto ao outro em ângulos que desafiavam o senso comum, mas que — de algum modo — pareciam funcionar com harmonia. A arquitetura era refinada, elegante, quase clássica, mas possuía uma lógica própria, como se obedecesse a uma geometria que eu ainda não compreendia totalmente.
A luz vinha de fontes invisíveis, difusa e quente, e se derramava pelas prateleiras com a delicadeza do amanhecer.
Agora, entendia perfeitamente as falas de meu anfitrião. A biblioteca não estava em algum lugar, mas ela é O local.
—Impossível
Foi tudo o que consegui dizer.
—Essa palavra, impossível, é exatamente a que se passou pela minha mente. Já te disse, somos muito parecidos — respondeu ele, apoiando-se na grade da sacada, como se estivesse apenas observando o movimento de uma rua numa tarde qualquer.
Fiquei em silêncio, apenas tentando absorver tudo o que estava diante de mim.
—Em algum lugar... está o meu livro?
—Não apenas o seu, pequeno Liam. Todos os livros, de todos nós, está ou estará aqui, algum dia. Mas sinto que o seu está te esperando. Pronto para uma jornada pelo Infinito?